Pastor Alemao

Confira os relatos apaixonados de quem convive com o mais proverbial dos cães.

German Shepherd

É impossível não se admirar com a extensão do seu sucesso: Alemanha, França, Itália e Suíça, países onde o Pastor Alemão é o primeiro cão em número anual de nascimentos registrados.
Austrália, Espanha e Inglaterra, onde é o segundo.
Canadá e Estados Unidos, o terceiro. Brasil e Portugal, o quinto. Para quem ainda não sabe, trata-se da raça canina mais popular do mundo. Motivo que lhe rendeu tamanha consagração: versatilidade.

O Pastor Alemão é sem dúvida um cachorro completo: guarda eficaz, companheiro afectuoso, desportista resistente.
Como cão policial não há o que não faça. Fareja drogas, explosivos, pessoas desaparecidas.
Também participa de patrulhamentos rotineiros e está sempre a postos para acompanhar tropas de choques enfrentando rebeliões, tumultos e o que mais vier pela frente.

No campo da filantropia, é guia de cego, de surdo, de deficientes físicos e mentais.
Também actua bem no papel do chamado agente terapêutico, aquele em que o cão, pela docilidade e receptividade ao Homem, encanta e distrai doentes, idosos, carentes em geral.
É claro que para a execução de cada uma dessas actividades é preciso condicionamento específico e muitas vezes demorado; também é claro que nem todos os exemplares de Pastor Alemão conseguem desempenho satisfatório.
O surpreendente é uma mesma raça reunir potencial tão bom para habilidades tão diversificadas.

GUARDA NOTA 10
 

Se a ideia é ter um cão de guarda competente que conviva com os amigos da família sem colocá-los em risco, o Pastor Alemão é a mais tradicional opção.
"O típico da raça é permitir tranquilamente que os donos recebam convidados e que esses circulem pela casa", afirma a criadora há 32 anos Maria Ernestina Bastos, de São Paulo.
"Com os bons Pastores Alemães não tem esse negócio de segurar o cachorro para a visita poder levantar do sofá e ir até à casa de banho; tenho exemplares que vivem soltos, recebem comigo toda e qualquer pessoa que venha a minha casa e aceitam-nas transitando livremente pela propriedade", atesta Vera Miguel, criadora desde 1987.

"Mas é bom que se frise, se o dono isolar seu filhote de Pastor Alemão do convívio social, prendendo-o sempre que receber visitas, ele será um adulto avesso a estranhos", contrapõe a criadora há 13 anos Sónia Madrid, de São Paulo.
A natureza sociável da raça não é sinónimo de permitir qualquer atitude por parte das pessoas de fora da casa.
Do contrário, o Pastor Alemão não seria o proverbial guarda que é.
"Se uma visita agir de forma ameaçadora, o papel de um bom exemplar é defender seu dono", comenta o criador há 22 anos Rogério de Oliveira.

É por isso que diante de raças de guarda os visitantes devem saber se portar. Afinal, modos expansivos, como gestos bruscos, por melhor intencionados que sejam, podem, sob a óptica canina, ser considerados ameaçadores.
 

O Pastor Alemão também não permitirá a entrada de ninguém desacompanhado de seus donos.
"Mesmo que a pessoa seja conhecida e frequentadora da casa, um Pastor só a deixará entrar caso alguém da família a receba", conta o presidente da Sociedade do Pastor Alemão do Rio de Janeiro, Roberto Salles, também criador há 30 anos.
"Senão, o cão ficará na porta, latindo de um jeito tal que só um maluco se arriscaria a entrar", acrescenta.

E latir é uma característica marcante do estilo Pastor de fazer a guarda.
Ele absolutamente não incorpora o género guardião discreto, que só late em ultimo caso. Um certo estardalhaço faz parte do seu show.

É a maneira com a qual deixa bem claro que está lá e que está atento. Funciona.
"Não que a raça lata sem motivo, ela sempre tem suas razões, como um gato no muro ou uma pessoa passando na calçada", ilustra Sónia.

"Quem tem Pastor o ouvirá latindo todos os dias, o bom, para efeitos de segurança, é que a notícia de que a casa tem cachorro se espalha pelas redondezas e afugenta mal-intencionados; agora se a pessoa não suporta latido, é melhor escolher outra raça", pondera Sónia.

 


TOP EM OBEDIÊNCIA

 

Aos que prezam a obediência canina, o Pastor Alemão é um verdadeiro orgulho.
Ele ficou em terceiro lugar no ranking do livro A Inteligência dos Cães, do canadense Stanley Coren, que avaliou 133 raças quanto ao potencial para atenderem comandos.
Isso significa estar, como bem salienta o próprio autor do estudo, entre os poucos e mais brilhantes cães no referente a obedecer o Homem.

Na prática, a perspectiva potencial dessa estrela de quatro patas é a seguinte: atender prontamente 95% ou mais das ordens recebidas, aprender novos comandos os tendo executado menos de cinco vezes, apresentar bons resultados até mesmo quando treinada por amestradores inexperientes. Parece bom demais para ser verdade, mas a imensa quantidade de Pastores Alemães elogiados por seus donos e classificados por eles como obedientíssimos só parece endossar a pesquisa de Coren.

Alto lá: que nenhum surrealista de plantão imagine que basta levar para casa um filhinho de Pastor e soltá-lo no jardim para que ele amanheça dizendo "Pois não, Rintintin ao seu dispor". "Para se obter o melhor de um Pastor é preciso pouco, mas é preciso interacção; ele tem de conviver com a família, tem de sentir-se cúmplice dos donos", diz Sónia.

"Se a intenção é ter um exemplar super comportado, que obedeça todas as normas da casa e que também execute bem uma série de comandos, ele não pode ser um cachorro de quintal, do tipo que só vê o dono saindo e chegando e que quase não participa da rotina", concorda Oliveira.
"Cão comportado e obediente é sinónimo de relação estreita com o dono", comenta o criador.
"A gente tem de estar ali, ao lado do filhote, acompanhando de perto, orientando qual o lugar de fazer xixi, mostrando o que pode e o que não pode, dando os parabéns aos acertos, corrigindo os erros, com paciência e persistência", resume Maria Ernestina, que também é treinadora.
Com bastante convivência e um pouco de liderança é possível transformar um filhote de Pastor Alemão num cachorro disciplinado e seguidor das regras domésticas.
"Mesmo marinheiros de primeira viagem tendem a ter facilidade para educar um Pastor Alemão", diz Salles.
É válido lembrar que a genética influencia o temperamento.
Alguns Pastores Alemães nascem mais predispostos do que outros a serem obedientes e sociáveis. Na busca do exemplar ideal, aplicar um teste de comportamento, é sempre recomendável.

FAMÍLIA

O Pastor Alemão, como a maioria das raças, tende a eleger um dono principal.
"Escolhe a pessoa que mais interage com ele, mas não é um cão absorvente, do tipo que fica solicitando atenção em demasia", conta o criador e presidente da Sociedade Brasileira de Cães Pastores Alemães, Francisco Sampaio, de Brasília.
"Meus exemplares, por exemplo, vêm até mim, pulam para me festejar, correm um pouco ao meu redor e depois sentam-se ao meu lado ou vão brincar entre eles", ilustra Sampaio.
"Também são afectuosos e brincalhões com o restante da família, mas se precisarem optar por seguir uma das pessoas, seguirão o dono", acrescenta Salles.
E se entre os familiares houver um desportista que aprecie a parceria canina na hora do exercício, o Pastor Alemão tem tudo para ser o cão dos sonhos.
"Ele adora actividade física; gosta de correr, de andar, de nadar e tem pique suficiente para tirar o fôlego da maioria dos atletas humanos", assegura Oliveira.
Com as crianças da casa, o Pastor Alemão é considerado um dos cães de guarda mais tolerantes do mundo canino.
Isso não quer dizer, no entanto, que todos os exemplares aceitem todo tipo de brincadeira.
"Em geral, os Pastores toleram atitudes radicais da garotada, como puxão de orelha e de bigode", diz Salles.
"No entanto, tem criança que ultrapassa demais os limites, e tem cachorro que não é tão passivo assim e que acaba rosnando para se defender", relata Sampaio.
Quanto ao convívio entre exemplares do mesmo sexo, os criadores são unânimes: fêmea com fêmea, salvo raras excepções, convivem bem.
Macho com macho, em geral, é promessa de confronto.
"Durante parte da infância até dá certo, porém, por volta dos 6 meses em diante, a tendência é disputarem a liderança, aí brigas feias podem acontecer", explica Maria Ernestina.

CORES

A coloração mais comum na raça é a chamada capa preta. De tão conhecida, chega a ser adoptada por alguns como sinónimo do nome Pastor Alemão.
Caracteriza-se, como o termo já sugere, pelo manto (ou capa) negro sobre as costas.
No focinho, na cauda e às vezes em parte da face, a cor negra também se manifesta.
O restante da pelagem, inclusive na região facial, é dourada em qualquer tom: do bem clarinho ao avermelhado intenso.
Além do tradicional capa preta, há mais duas cores, hoje relativamente raras na raça: o cinza e o preto.
"O Pastor Alemão preto muitas vezes é confundido com o Pastor Belga Groenendael", testemunha o criador Francisco Amaral, do Rio de Janeiro. Quanto ao chamado cinza, nele predominam tons acinzentados.
"Em certos casos, o Pastor Alemão cinza é erroneamente identificado como um capa preta não tão pigmentado; isso é, cujo preto do manto é menos intenso e, portanto, tende a cor cinza" explica o criador Muhammad Abem Latif, de São Paulo.
"Uma maneira que às vezes ajuda na diferenciação é a cor da região facial; capas pretas em geral têm marcação dourada bem definida na face, já os cinzas costumam ter a face acinzentada, com quase nenhum dourado", compara Latif.

TOPO

Cães e História

voltar